Oies! Meu nome é Tália e me pediram pra vir aqui falar do Ma Bu, meu jogo que tá pra sair pela Editora Caleidoscópio.
Sempre que me pedem pra resumir o projeto, eu falo que é um jogo de porradaria e comunidade, um sistema focado em artes marciais onde os personagens (aqui chamados de cães) vivem uma vida dupla como justiceiros, lutando pelas pessoas que os rodeiam.
Mas se cê teve interesse de vir atrás de uma postagem de blog eu tenho certeza que cê tá disposto a ler um tiquinho mais né? Então vamos começar do início:
Ma Bu, 馬步 ou Base do Cavalo é a base mais elemental do Kung Fu, uma postura forte e incrivelmente estável, na qual o lutador consegue se manter plantado onde bem quiser ou rapidamente transicionar para seu próximo movimento; E esses pilares são aspectos fundamentais do jogo que eu to aqui pra te apresentar.
Eu acho importante dizer que artes marciais foram uma parte enorme da minha vida, tendo praticado uma variedade de modalidades até poucos anos e sendo eternamente apaixonada pelo cinema de hong kong e seu jeito único de contar ação. É brega de dizer, mas além do jogo de porradinha que eu sempre quis jogar, Ma Bu é uma carta de amor a esse mundo e minha forma de trazer mais gente pro universo fantástico das artes marciais.
Cafonices a parte, por mecânica, o sistema opera a base de dados de dez lados (D10s) e acertos, role um montante determinado pela Zona que tá sendo desafiada naquele momento (algo tipo Cabeça pra pensar num plano, Braços pra dar um tabefe) e separe todos os resultados 7 ou maior. Conte seus sucessos e confira com a narradora se eles são suficientes pra superar o problema imposto, seja ele pular um muro ou deslocar a mandíbula de alguém no chute.
Socos causam 1 de dano por acerto, chutes 2 e personagens costumam ter uns 10 a 15 de estrutura (um conceito tipo pontos de vida, mas diferente). Imagino que o resto da matemática cê consiga fazer sozinho.
Jogando, você vai tomar um cacete constantemente. Você e seu grupo de 5 vão entrar numa sala e apanhar de 20 caras. Vocês vão voltar parcialmente conscientes pro barraco e, limpando o sangue da cara, bolar o próximo plano. Tem um texto dedicado pra isso vindo pra frente, mas Ma Bu é tão seco quanto explosivo: do mesmo jeito que você é capaz de derrubar um capanga num socão bem dado, os outros 3 amigos dele conseguem (e irão) fazer isso contigo.
Não acho que calhe ficar aqui te enchendo de matemática e repercussão mecânica, como os combos funcionam ou como na criação de personagem você cria seu estilo próprio do zero, mas sim construir a atmosfera que se pode esperar do joguinho.
Tem um trecho no texto atual, que nem sei se vai ficar até a versão de lançamento, mas que pra mim é perfeito pra pintar as cores de Ma Bu:
"Do musgo da enseada às gralhas que enchem os telhados, a cidade é tudo que importa, sem consigo importar. O Porto, de nome que nem se fala mais, é sangue de milhões e fortuna de centenas, a joia que já foi e a capital que nunca será, a marca do progresso e o exemplo de quanto caímos.
A marcha dos gendarmes, o grito da serra, o ronco da rua e o canto do ambulante. O gosto do pão fresco, da água dura, da erva mascada e do sangue na boca. O cheiro do mofo, do esgoto descendo a rua, da solda na esquina e da brisa do mar. O áspero do chapisco, do calçamento velho, do couro cru e do ladrilho imundo. A vista dos morros que não acabam, dos prédios de mil e um apartamentos, das crianças puxando pipa e dos becos que se entra e não sai.
Esse é o Porto. A Cidade. Um casarão grande, sujo e largado aos cupins. O nosso casarão.”
Os Cães tão acorrentados a’O Porto, esse lugar estagnado, cinza e indiscutivelmente antiquado, que não se importa com absolutamente nada, justamente por não ser capaz de ser alguma coisa.
E é nesse momento que a outra face de Ma Bu se mostra: a Comunidade.
Além de porradinha, e talvez mais importante que o chumaço marcial do livro, o jogo exige que todo personagem esteja profundamente costurado nessa trama interpessoal, porque é ela que engatilha todos os problemas que vão fazer os Cães engajarem com toda essa ladainha que coloquei aí pra cima.
O que colore suas manhãs? O que faz seu Cão viver dia após dia? E por quem ele luta?
Não tem porrada sem drama, não tem drama sem pessoas.
Arrematando, Ma Bu é um jogo de porradaria e comunidade, um sistema focado em artes marciais onde os personagens vivem uma vida dupla como justiceiros, lutando pelas pessoas que os rodeiam.
E presumo que se cê chegou até aqui, posso te encontrar no próximo texto sobre o jogo. Até lá!
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